terça-feira, 25 de agosto de 2015
Um Sonho Paulistano....
Hoje eu sonhei que morava em Itapuã e cheguei atrasada no trabalho. Eu falei assim: "Desculpa, chefe, é que eu tenho de passar pela orla no caminho pra cá e hoje hoje eu não resisti! Tive que molhar o pé o no mar.... "
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
COMO NÃO SOFRER
COMO NÃO SOFRER
Um manual de auto-ajuda para mulheres
verdadeiramente céticas.
Parte
I:
Yoga
Sentia um odor desagradável oriundo de sua própria
vagina. Naquela posição estava com o nariz bem perto das partes, mas não tão
próximo quanto gostaria, pois sua elasticidade não era tão boa quanto a das
outras mulheres de sua turma. “Deve ser alguma bactéria” pensou. A verdade é
que fazia mais de dois anos que não visitava um ginecologista e havia sido
bastante irresponsável com sua vida sexual nos últimos tempos. “Preciso marcar
uma consulta urgentemente.” pensou enquanto torcia a coluna para direita, “Vou
ficar quebrada se marcar um médico, já estou sem dinheiro” pensou enquanto
torcia a coluna para esquerda, “Essas aulas de yoga já são bastante caras”
pensou enquanto encostava a coluna no chão lentamente.
Parte
2:
Entre amigas
De longe parecia um apocalipse misândrico, mas pra quem
observasse mais detalhadamente a conclusão final é que se tratava de uma
conversa de velhas amigas. Tomavam café com conhaque em uma mesa de canto de um
restaurante antigo. “Minha mãe disse que eu nunca gosto de homens que prestam”,
disse uma das amigas e ainda completou: “Acho que eu nunca vi um homem que
presta de perto.”. Gargalhavam com sadismo. Seguia sem rir ali no canto
pensando “ Não.... homens legais existem, mas eu sou um pouco chata de mais pra
estar na convivência deles, acho eu.... bom... tenho mais de trinta anos e
nunca tive um relacionamento sério que durasse mais que um semestre... “
pensou.
Parte
3:
Terapia comportamental
A psicóloga fez um gráfico com base nas perguntas
que tinha respondido. Atentou ao fato de sua paciente não apresentava nenhuma
aptidão para organizar-se e que a falta de organização criava muitas barreiras
na vida cotidiana. “Deve ser por isso que todos os meus colegas de faculdade
são mais bem sucedidos que eu... “ pensou. Logo voltaram a debater o gráfico de
traços da personalidade como se estivessem em uma reunião de negócios.
Parte
4:
Maconha
“Sim, maconha é muito bom! Funciona!” pensou. Em
duas horas estava na mesma condição miserável de antes.
Parte
5:
Um culto na igreja evangélica
Foi levada pela mesma tia que deixava comida congelada
em sua geladeira. Um lugar simples abarrotado de senhorinhas vestidas com saias
e camisas. Conversas frívolas e maledicências entre as bênçãos de Deus. Saiu no
meio do culto para fumar um cigarro já que não conseguia entender muito bem o
que o pastor estava falando, quando voltou ao salão da igreja foi olhada com
censura.
Parte
6:
Carnaval
Naquela terça feira resolveu ficar em casa
assistindo TV a cabo, um programa sobre pessoas com obesidade mórbida e
cirurgias de redução do estômago. Sentiu-se culpada por que era uma terça feira
gorda, um belo dia de carnaval. “Eu deveria estar no meio da rua vestida com
roupas estranhas bebendo e me divertindo como se não houvesse amanhã.” pensou,
“Eu não sei me divertir! A minha vida vai passar eu não aproveitei nada dela. “
pensou por cima. Mas logo lembrou-se do
dia em que viajou quilômetros só para ver um show do Hermeto Pascoal e também
do dia em que esteve com os amigos de infância em volta de uma fogueira em uma
praia de difícil acesso. “Foi divertido.” Pensou. Tornou a olhar para TV e se
emocionou com a história de Mary, uma senhora com um quadro grave de obesidade
mórbida e depressão. “Esses reality
shows estadunidenses não têm nenhum limite. “ pensou.
Parte
7:
Retiro espiritual
“Meu reino por um cigarro industrial.” pensava
constantemente durante aquele martírio de quatro dias.
Parte
8:
Correr no parque
Começou por uma caminhada, seguida de outra
caminhada, seguida de outra e até hoje, quando lembra e não está com preguiça,
segue com suas caminhadas no parque. “Se eu tivesse um cachorro, talvez eu me
obrigasse a ir com ele no parque todos os dias” pensou, mas não queria o seu
apartamento todo cagado. Os exercícios físicos diários haviam sido recomentados
por sua psicóloga e uma psicóloga não é uma educadora física, por tanto era só
uma sugestão não especializada.
Parte
9:
O porre
Não se lembrava de maneira nenhuma o que havia
ocorrido na noite passada, mas na memória de seu celular estava gravada toda a
lembrança sentimental do porre. Fotos com amigos que não reconhecia, fotos em
cima do palco fazendo sabe-se lá o que. Mas o pior eram as mensagens.... “Eu te
amo, nunca vou conseguir te esquecer”, seguida de “Você não vai responder
nada?”, e depois: “Seu merda insensível!”... todas para o mesmo destinatário. E
ainda outras mensagens para outras pessoas: “Eu sempre quis te pegar e nunca tive coragem
de dizer”, “ Só estou escrevendo pra dizer que você é um cachorro imprestável!”
e assim por diante.... Estava instaurada a ressaca moral que a acompanharia
pela semana inteira. Por desprezo ou
piedade, não havia respostas para nenhuma das mensagens.
Parte
10:
Sexo casual e aplicativos de namoro
Não é difícil conseguir sexo quando se é uma mulher
bonita de trinta anos.... “Mas e quando eu tiver quarenta?” pensava. De qualquer forma tinha uns quatorze amantes
quase inexistentes e uns cinquenta e oito pequenos vazios para preencher.
“Ninguém desejaria ter transado menos durante a vida” pensou. A verdade é que
gostava cada vez menos de pessoas.
Parte
11:
Acampamento na praia
Passou o dia juntando galhos na praia para fazer uma
fogueira, cavou um buraco na areia para montar o fogo. Palha em baixo dos
gravetos embaixo dos galhos menores
embaixo dos galhos maiores embaixo da lenha. Comprou marshmallows para
esquentar na tão planejada fogueira, gostava muito do fogo, podia olhar para as
chamas por horas. “É até melhor do que TV” pensou. Quando a tarde caiu começou
a cair uma chuva torrencial que não cessou por uma semana inteira.
Parte
12:
Brigadeiro
-Uma lata de leite condensado
-Duas colheres de manteiga
- Achocolatado em pó a gosto
Modo de preparo:
Misture o leite condensado, duas colheres de
manteiga e achocolatado em pó a gosto numa panela e mexa constantemente até
ferver, quando começar a borbulhar, desligue o fogo, coloque a mistura em um
recipiente e espere esfriar.
Parte
13:
Massagem tântrica
“A senhorita só pode ser frígida” disse a velha
chinesa depois de dez horas de tentativas frustradas de sensibilização.
Parte
14:
Grupo de apoio
-- A senhora é alcoólatra?
--Não
-- Usuária de narcóticos?
-- Não
-- Neurótica? TOC?
-- Não
-- Dependente de amor e sexo?
-- Não
--- Pra que grupo eu devo encaminhar a senhora
então?
-- Não sei, amigo, só o que posso dizer é que minha
existência é absolutamente miserável.
-- Vou ver o que posso fazer aqui, senhora.
Parte
15:
Compras
Precisava de botas para o tempo frio. Foi ao
shopping e saiu com um biquíni, um disco do Caetano e uma vara de pescar. Sua
dívida de cartão de crédito já estava nas alturas.
Parte
16:
Livros para colorir
Tinha um estojo de cinco cores de canetinha, eram
canetinhas muito bacanas, mas só tinha cinco cores, por tanto não é de se
estranhar que ela tenha ficado entediada no meio do terceiro livro e havia
comprado mais oito que ainda estavam por colorir. “Nossa, ainda faltam umas cem
mandalas pra eu terminar isso tudo aqui.” pensou entristecida. As cores eram:
azul, amarelo, roxo, verde e vermelho.
Parte
17 : Ouvir música dos anos oitenta
“Sofrer não vale a pena” dizia Cazuza.
Parte 18: Teatro
Depois de um dia
catastrófico, resolveu ir ao teatro para relaxar, comprou ingressos para
assistir ao Hamlet de um diretor famoso. “Assim fica difícil, colega.” Pensou
Shakespeare.
Parte
18 :
Desfecho
Comeu um prato cheio de feijão tropeiro que sua tia
havia deixado na geladeira, deitou-se na rede e como era domingo, tirou um bom
cochilo.
Tão bom achar coisas velhas!
Hoje mesmo achei um poema de muitos anos atrás, vou colocar ele aqui pra não perder de novo.
Na cidade
Mais soneto que cidade
Debaixo dos pés
No meio do caos
Da realidade, o caos
Debaixo do concreto
Entre os prédios
Mais cores do que prédios
Entorpecido tédio
De domingo de manhã
As formas
Tantas fomas
Torturadas formas
Pra se perder na multidão
Olhar tudo por cima
Viver a vida por baixo
Subterrânea solidadão
Hoje mesmo achei um poema de muitos anos atrás, vou colocar ele aqui pra não perder de novo.
Na cidade
Mais soneto que cidade
Debaixo dos pés
No meio do caos
Da realidade, o caos
Debaixo do concreto
Entre os prédios
Mais cores do que prédios
Entorpecido tédio
De domingo de manhã
As formas
Tantas fomas
Torturadas formas
Pra se perder na multidão
Olhar tudo por cima
Viver a vida por baixo
Subterrânea solidadão
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